Terça-feira, 16 de Abril de 2013 |
ISSN 1519-7670 - Ano 17 - nº 742
|
JORNAL DE DEBATES - WIKILEAKS PLUS D
EUAD 4 - EUA
fizeram lobby pró-censura durante governo militar
Por Natalia Viana em 16/04/2013 na
edição 742
Em 1973 o governo do
general Emílio Garrastazu Médici entrava em seu quarto ano, consolidando a
presença da chama “linha dura” militar no governo. A censura à imprensa se
estruturou e se oficializou, abarcando todos os principais veículos de imprensa
do país. Sob Médici, a maioria das redações recebiam bilhetinhos apócrifos ou
ligações quase diárias de membros da Polícia Federal – a força encarregada de
controlar a censura – com a relação de temas que não poderiam ser abordados:
desde relatos de tortura e prisões políticas até reportagens sobre a precária
situação dos trens, a pobreza no país ou escandalosos casos de corrupção.
Outras, como Veja e o Pasquim, tinham que enviar
seu conteúdo para a censura prévia. O Estado de S. Paulo convivia
com um censor plantado dentro da redação, lendo todos os textos para decidir o
que podia e o que não podia ser publicado.
Para os Estados Unidos, porém, país que
propagandeava a democracia como resposta à “ameaça comunista”, nada disso
importava. Pelo contrário: documentos constantes no PlusD, do WikiLeaks,
mostram que a diplomacia americana chegou a defender a censura do regime
militar brasileiro perante um jornalista da poderosa rede de TV americana CBS.
“O cônsul geral de São Paulo relata que
o correspondente da CBS na América Latina, George Nathanson, está em São Paulo,
fazendo um vídeo sobre a censura à imprensa brasileira. A ideia de realizar
essa história foi incitada pelo artigo do New York Times de 21
de feveriro sobre esse assunto”, escreveu o então embaixador dos EUA no Brasil,
William Rountree, que ficou no posto entre 1970 e 1973. O correspondente estava
filmando na redação do Estado de S.Paulo e, segundo ele, a
reportagem corria muito bem.
Mas a embaixada tinha outra ideia de
como a censura deveria ser retratada. “Durante um almoço com Nathanson na
semana passado, o Oficial para Relações Públicas [da embaixada] sugeriu que
Nathanson tentasse obter todos os lados da história da censura no
Brasil”, descreve o documento de 9 de
março de 1973, (1)https://www.wikileaks.org/plusd/cables/1973BRASIL01268_b.html
marcado “para uso oficial limitado”.
“Além de apenas falar com fontes da mídia veementemente opostos e afetados pela
censura presente, o oficial de relações públicas mencionou que seria útil a
Nathanson falar com figuras como o conselheiro presidencial Coronel Otávio
Costa [chefe da assessoria de Relações Públicas da Presidência] e outros
oficiais do governo, bem como representantes da mídia como Roberto Marinho,
do Globo, e Nascimento Brito, do Jornal do Brasil, que
veem a questão da censura de maneira diferente da família Mesquita, do Estado”.
Em seguida o embaixador, satisfeito, afirma que o jornalista acatou a sugestão
e “expressou interesse nesta abordagem para fazer uma cobertura balanceada”.
Existe
cobertura balanceada sobre censura?
O aparato censório do regime militar foi
construído sob as asas do Ato Institucional nº 5. Logo após sua decretação, em
13 de dezembro de 1969, o general Silvio Correia de Andrade, delegado da
Policia Federal em São Paulo, declarou em entrevista coletiva: “Podem dizer que
foi instaurado o arrocho à imprensa escrita, falada e televisada por parte do
Contel, sob minha fiscalização direta. Os jornais estão sob censura no que diz
respeito a greves, passeatas, comícios, agitação estudantil e qualquer tipo de
ataque às autoridades”.
A PF seria responsável por calar a
imprensa; no ano seguinte, dezenas de delegados destacados para esse fim
receberam uma extensa lista de normas. Eles deviam vetar notícias “falsas” ou
sensacionalistas, testemunhos em off (com fontes anônimas),
comentários de pessoas atingidas pelos atos institucionais ou ligadas a
entidades estudantis dissolvidas. Também eram proibidas notícias sobre todo
tipo de repressão: cassações de mandatos, suspensão de direitos políticos,
prisões, tortura.
Em 1971 o ministro da justiça Alfredo
Buzaid aumentou a lista, proibindo também notícias “sensacionalistas” que
prejudicassem a imagem do Brasil no exterior, notícias que colocassem em perigo
a política econômica do governo, e até mesmo a “divulgação alarmista” de
“movimentos subversivos” em países estrangeiros. Segundo levantamento do
jornalista Élio Gaspari, entre 1972 e 1975 o Jornal do Brasilrecebeu
270 ordens enviadas por telefone ou por escrito pelos policiais da PF. Apenas
em 1973 – ano em que os diplomatas americanos queriam suavizar a cobertura da
CBS sobre a censura brasileira – o pesquisador Paolo Marconi – consultando
diversos veículos como Folha de S.Paulo, Rádio e TV Bandeirantes,
em São Paulo, e Rádio e TV, em Salvador – contabilizou um total de 143 ordens
enviadas pela PF. A maioria dos veículos praticava, então, a auto-censura,
descartando os temas proibidos. É o caso da Globo de Roberto Marinho e do Jornal
do Brasil de Nascimento Brito, apontados pelo embaixador como menos
críticos à censura oficial.
Os veículos que mostravam alguma
resistência tinham edições inteiras apreendidas ou eram submetidos à censura
prévia – caso do Jornal da Tarde e da revista Veja,
então comandada por Mino Carta, que eram visitados por censores ou obrigados a
mandar as edições antes de publicadas para a sede da PF em Brasília. Convivendo
diariamente com um censor da PF, o Estado de S. Paulo teve
1136 reportagens censuradas entre março de 73 e janeiro de 75. Foram vetadas
matérias sobre a Petrobras, a questão indígena, a política de saúde pública,
corrupção no ensino e até mesmo racismo no futebol.
Por sua vez, semanários pequenos e mais
independentes como Opinião, baseado no Rio de Janeiro, eMovimento,
de São Paulo, tiveram jornalistas presos, edições apreendidas e seus diretores
interrogados inúmeras vezes. Daí o caráter “econômico” da censura, que foi
responsável pelo desmantelamento, por asfixia financeira, de jornais de extrema
qualidade e linhas editoriais progressistas – provocando um impacto que até
hoje influencia o cenário da imprensa brasileira. Publicações independentes
como Opinião,Ex, Movimento e Pasquim tiveram
edições inteiras apreendidas, e tiveram que fechar as portas sob o peso da
censura. Só o jornal Movimento teve 40% de todo o seu conteúdo
censurado – mais de 3 mil artigos, mais de 4,5 milhões de palavras.
Os americanos
sabiam, claro
Nada disso era novidade para o
Departamento de Estado chefiado por Henry Kissinger – o mesmo que criticou a lei de acesso
(2)à informação americana afirmando “antes
da lei eu costumava dizer em reuniões, ‘o que é ilegal nós fazemos
imediatamente; o que é inconstitucional leva mais tempo’, mas desde a lei eu
tenho medo de dizer coisas assim”. Na verdade, os diplomatas americanos
mantinham contato próximo com jornalistas brasileiros, acompanhando de perto as
consequências da censura.
Assim, em 23 de março de 1973 – mesmo
mês em que a embaixada defendia a censura junto ao correspondente da CBS – o
cônsul de São Paulo, Frederick Chapin, relatou uma longa conversa (3)com
o dono do Estadão, Julio Mesquita, sobre a censura ao jornal.
Embora o general Ernesto Geisel tivesse assumido com o compromisso de promover
a “distensão política”, com a restauração dos direitos civis, nas duas semanas
anteriores a tesoura da censura havia cortado seis matérias do Estadão, que as
substituíra por cartas e receitas culinárias. Ao mesmo tempo, relata Chapin,
Julio Mesquita enviara telegramas a todos os congressistas, e o Estadão publicou
uma nota avisando que quem quisesse saber por que conteúdos desimportantes
estavam aparecendo no jornal poderia ligar para a redação – receberam 167
ligações. “Julio Mesquita disse que a forte pressão que ele estava exercendo no
governo para relaxar a censura estava fazendo efeito”, relatou Chapin, já que
o Estadão chegara a publicar histórias – incluindo uma sobre
censura – que não teriam passado. “Julio disse que pretendia continuar a
pressionar o governo na questão da censura”.
Ainda assim, os censores só sairiam
do Estadão dois anos depois.
Sob o embaixador John Crimmins, que
assumiu o posto após Rountree, a embaixada dos EUA manteve uma “postura de não
pôr as mãos” no tema da censura, segundo palavras do próprio.
Mas continuava acompanhando de perto o despropósito da censura, conversando
diretamente com editores e publishers. É o que mostra um documento
do Rio de Janeiro, datado de 13 de maio de 1974, detalhando a situação do
jornal Opinião. Em conversa com o então cônsul
geral Clarence Boonstra, o empresário Fernando Gasparian, do
Opinião, contava sobre os cortes mais recentes: uma entrevista com o então
candidato a presidência francesa, François Mitterand, e com o cardeal Dom Paulo
Evaristo Arns. Nesse momento, a censura exigia novamente que o jornal fosse
enviado a Brasília, antes de ser publicado, até quarta-feira de cada semana.
“Gasparian estava ‘chocado e desanimado’ com os últimos acontecimentos”, relata
Chapin, e decidiu ir a Brasília para investigar o motivo dos últimos cortes com
o diretor-geral da PF, o coronel Moacyr Coelho. O coronel, que Gasparian
descrevia como ”deprimido e vacilante”, lhe disse que a censura havia sido
decidida “em altas instâncias do Ministério da Justiça” e que havia outros
jornais sob maior pressão, escreve Boonstra. “Ele voltou achando que ‘alguma
coisa aconteceu dentro do alto escalão do governo para forçá-los a voltar às
antigas restrições’. Gasparian disse que ouviu rumores em Brasília que os
militares linha-dura não estavam felizes com os passos do regime em direção à
liberalização e haviam demandado ‘apertar’ o controle da imprensa e de outras
áreas”, diz o despacho diplomático.
A partir de 1975, a censura se tornou
mais seletiva e a censura prévia foi sendo retirada aos poucos. Não foi um
processo decisivo, tendo idas e vindas de acordo com as pressões do momento,
como mostram as conversas constamente relatadas pelos diplomatas
americanos. Em 4 de abril daquele ano,
a embaixada em Brasília enviou a Washington um relato sobre a apreensão do
jornal Pasquim, do Rio de Janeiro, pela PF, ocorrida logo depois do
veículo ter tido a censura prévia encerrada, e a uma edição comemorativa
especialmente robusta. Chamando-o de “tabloide satírico semanal de
centro-esquerda” Crimmins relata que, durante 5 anos, o semanário fora obrigado
a enviar para Brasília duas a três vezes mais material do que necessário –
texto, charges e fotos – para ser cortado.
“De acordo com [Millôr] Fernandes e outras
fontes bem informadas da imprensa, o alvo real da apreensão do Pasquim era
um editorial forte de Fernandes detalhando os problemas do jornal com a
censura. Esses problemas incluíam: uma queda brusca de leitores (Fernandes
afirma que houve uma queda de 200 mil para 100 mil em circulação nos seis
primeiros meses de censura; alguns observadores acreditam que o cálculo atual
seja de 50 mil) e assédio da equipe do Pasquim quando a
censura teve início (ex. interrogatório policial da maioria deles e prisão de
dez editores por dois meses, seguida da sua libertação e o arquivamento
subsequente do inquérito). Fernandes também argumentava [no editorial] que o
fim da censura prévia não significa que a imprensa livre brasileira possa
imprimir o que quer e lembrava aos leitores que muitos dos jornais brasileiros
ainda estavam sujeitos à censura”. O comunicado encerrava dizendo que a
apreensão “foi um enorme golpe em termos financeiros”, já que o Pasquim dependia
de vendas em banca.
A Veja de Mino Carta
A diplomacia americana também acompanhou
de perto o périplo da revista Veja, fundada e editada por Mino
Carta durante a ditadura militar e submetida a dois tipos de censura prévia ao
longo dos anos: no geral, o censor da PF ia até a redação, no prédio da editora
Abril; mas em algumas ocasiões o material tinha que ser enviado a Brasília dias
antes da publicação.
Em maio de 1974, foi a vez do consulado
de São Paulo informar sobre a censura a Veja. O primeiro despacho,
do dia 10, é assinado pelo cônsul-geral Frederick Chapin. “Uma empreitada de
censura ameaça a continuação de Veja, respeitada revista semanal”,
descreve o cônsul. A nova ordem exigia que todo conteúdo da revista fosse enviado
a Brasília na quarta-feira, inviabilizando a cobertura de fatos “quentes”. Mino
Carta – a quem Chapin chama de “um dos jornalistas mais hábeis e mais
conhecidos” do país – contava que a nova ordem era uma represália, em especial,
por uma charge de Millôr Fernandes mostrando um homem sendo torturado, sobre a
legenda “nada consta”.
“Essa semana, quando Mino soube do
endurecimento, ele ligou para o general Golbery, que foi ‘evasivo e hipócrita’.
O general Golbery mencionou especificamente alguma insatisfação sobre a charge
de Millôr Fernandes”. Decepcionado, já que tanto Golbery quanto o ministro da
justiça de Geisel, Armando Falcão, haviam se manifestado contra a censura, mas
estariam cedendo aos militares “linha dura”, Mino Carta ameaçava deixar a Veja.
“Carta disse que não quer ter mais nada a ver com Golbery e Falcão porque
‘seria como lidar com office boys’”, relata Chapin. “Essas ordens,
ele adicionou, vieram do ministro do Exército Dale Coutinho, um representante
do ‘sistema’, ou como ele chama, ‘o capo máfia’ que ele [Mino Carta] acredita
que controla o país’”, relata o despacho enviado a Washington.
“O cumprimento das novas regras vai
efetivamente matar a Veja, segundo Carta”, escreve o cônsul, que
finaliza o documento narrando que, para o jornalista, “o propósito do
endurecimento não é destruir Veja, mas colocar a revista e a
editora Abril ‘de joelhos”.
Roberto Civita, vice-presidente e filho
do dono da editora Abril, viajaria para Brasília em busca de um acordo – que
também foi acompanhado de perto pelos americanos. Em 28 de maio, outro despacho do
consulado de São Paulo, relata que a ordem fora revertida. Como narrou Victor
Civita ao americano, “[Dale] Coutinho se recusou a ver Roberto, que então ligou
para Golbery e para o ministro Falcão”. A redação, portanto, voltaria a receber
a visita de censores. O próprio Golbery e Falcão haviam servido como “fiadores”
do acordo entre os censores e Veja. “Victor estava otimista sobre
as relações futuras com a administração Geisel”, relatou Chapin. O dono da
Abril afirmou: “Eu só tenho três ou quatro amigos no governo agora, mas em um
ano ou mais eu vou conhecer bem 10 ou 12 deles”.
No entanto, a paz não duraria muito,
reflexo da queda de braço interna à administração Geisel. Em agosto de 1975, a
ordem de enviar o material para Brasília voltou – e foi prontamente relatada o
Departamento de Estado dos EUA. O estopim fora uma edição recente de um
discurso de Geisel, que Veja via como um sinal de que a
distensão estava morta. Hernani Donado, relações públicas da revista, conversou com os diplomatas.
“Donato disse que a linha dura ficou irritada pelos elogios de Veja ao
general Golbery (….) Golbery ligou pessoalmente para Mino Carta e pediu que ele
parasse com as histórias: ‘toda palavra boa que você fala sobre mim é uma
palavra ruim sobre os oponentes da distensão’”. Segundo o embaixador Crimmins,
Hernani Donato também acreditava que censores de Brasília “não confiavam
totalmente” nos seus subordinados de São Paulo, e sentiam “que eles podem ter
se tornado muito próximos de jornalistas locais”. Em 27 de agosto, diplomatas
da embaixada voltaram a almoçar com Victor Civita para discutir o assunto. “Ele
contou que lhe foi dito para ser muito cuidadoso porque o governo tinha o poder
de ‘colocá-lo de joelhos’ quando quisesse”.
***
Natalia
Viana é jornalista
CBS STORY ON BRAZILIAN CENSORSHIP
|
|
Date:
1973 March 9, 15:02 (Friday)
|
Canonical ID:
1973BRASIL01268_b
|
Original Classification:
LIMITED OFFICIAL USE
|
Current Classification:
UNCLASSIFIED
|
Handling Restrictions:
-- N/A or Blank --
|
Character Count:
1974
|
Executive Order:
-- N/A or Blank --
|
Locator:
TEXT ONLINE
|
TAGS:
|
Concepts:
-- N/A or Blank --
|
Enclosure:
-- N/A or Blank --
|
Type:
TE
|
Office Origin:
-- N/A or Blank --
Office
Action:
ACTION ARA
|
Archive Status:
Electronic Telegrams
|
From:
Brazil
BRASILIA | Brazil Brasilia
|
Markings:
Declassified/Released US Department of
State EO Systematic Review 30 JUN 2005
|
To:
Brazil Belém | Brazil Porto Alegre | Brazil Recife | Brazil Rio De
Janeiro | Brazil Salvador | Brazil São Paulo | Bureau of Inter-American
Affairs | Department of State | Mexico Mexico City
|
Content
Raw content
Metadata
Raw source
Print
Share
Find
Show Headers
1. AMCONGEN SAO PAULO REPORTS CBS
LATIN AMERICAN CORRES- PONDENT GEORGE NATHANSON IS IN SAO PAULO DOING CBS FILM
STORY ON CENSORSHIP OF BRAZILIAN PRESS. IDEA FOR STORY WAS PROMPTED BY NEW YORK
TIMES ARTICLE ON THIS SUBJECT ON FEBRUARY 21. NATHANSON HAD BEEN FILMING IN
OFFICES OF O ESTADO DE SAO PAULO. O ESTADO HAD BEEN VERY COOPERATIVE AND
NATHANSON SAID HIS PICTURES HAD TURNED OUT " VERY WELL." NATHANSON
MAY BE CONTACTING OTHER NEWSPAPERS AS WELL. 2. DURING LUNCHEON WITH NATHANSON
LAST WEEK, PAO SUGGESTED THAT NATHANSON ATTEMPT TO GET ALL SIDES OF THE
CENSORSHIP STORY IN BRAZIL. IN ADDITION TO TALKING TO JUST MEDIA SOURCES
VEHEMENTLY OPPOSED TO AND AFFECTED BY PRESENT CENSORSHIP, PAO MENTIONED IT
MIGHT BE USEFUL FOR NATHANSON LIMITED OFFICIAL USE LIMITED OFFICIAL USE PAGE 02
BRASIL 01268 091554 Z TO TALK TO SUCH FIGURES AS PRESIDENTIAL ADVISER COLONEL
OCTAVIO COSTA AND OTHER GOVERNMENT OFFICIALS, AS WELL AS MEDIA REPRESENTATIVES
SUCH AS O GLOBO' S ROBERTO MARINHO AND JORNAL DO BRASIL' S NASCIMENTO BRITO, WHO
VIEW THE CENSORSHIP ISSUE DIFFERENTLY THAN O ESTADO' S MESQUITA FAMILY.
NATHANSON EXPRESSED INTEREST IN THIS APPROACH TO GIVE BALANCE TO HIS COVERAGE.
ROUNTREE LIMITED OFFICIAL USE *** Current Handling Restrictions *** n/a ***
Current Classification *** LIMITED OFFICIAL USE
(2)
REPORTED RELEASE OF EMBASSY POLITICAL
REPORTS
|
|
Date:
1976 December 16, 21:55 (Thursday)
|
Canonical ID:
1976BRASIL10318_b
|
Original
Classification:
CONFIDENTIAL
|
Current Classification:
UNCLASSIFIED
|
Handling Restrictions:
-- N/A or Blank --
|
Character Count:
2597
|
Executive
Order:
GS
|
Locator:
TEXT ON MICROFILM,TEXT ONLINE
|
TAGS:
|
Concepts:
|
Enclosure:
-- N/A or Blank --
|
Type:
TE
|
Office Origin:
-- N/A or Blank --
Office
Action:
ACTION SY
|
Archive Status:
Electronic Telegrams
|
From:
Brazil
BRASILIA | Brazil Brasilia
|
Markings:
Margaret P. Grafeld
Declassified/Released US Department of State EO Systematic Review 04 MAY 2006
|
To:
Brazil Rio De
Janeiro | Brazil São Paulo | Department of State | Portugal Lisbon
|
Content
Raw content
Metadata
Raw source
Print
Share
Find
Show Headers
1. IN LATER TELEPHONE CONVERSATIONS
WITH EMBASSY, MAGALHAES LINS STATED THAT "JORNAL DO BRASIL" CLAIMS TO
HAVE "TRUNKS FULL" OF DOCUMENTS (TELEGRAMS, AIRGRAMS, MEMORANDA)
DATING FROM 1964 TO AT LEAST 1969 (HE COMMENTED THAT THERE MAY BE SOME
EXAGGERATION IN NASCIMENTO BRITO'S ALLEGATIONS). MAGALHAES LINS HAS NO IDEA
WHERE OR HOW "JORNAL DO BRASIL" MAY HAVE OBTAINED THESE DOCUMENTS BUT
HE OBSERVED THAT THE NEWSPAPER NOW HAS A CONNECTION WITH THE NEW YORK
"TIMES." HE EXPRESSED CONCERN OVER POSSIBILITY THAT PUBLISHED
DOCUMENTS MAY INCLUDE NAMES OF NUMEROUS BRAZILIANS WHO WERE SOURCES OF EMBASSY
INFORMATION DURING THESE YEARS AND WHO ARE IN POSITIONS OF PUBLIC IMPORTANCE
NOW. 2. MAGALHAES LINS HAS ALSO PROVIDED EMBASSY XEROX COPY OF ONE OF REPORTS
HELD BY "JORNAL DO BRASIL." DOCUMENT THAT MAGALHAES PASSED TO US IS
AMEMBASSY RIO'S TELEGRAM CONFIDENTIAL CONFIDENTIAL PAGE 02 BRASIL 10318 162207Z
7987 OF FEBRUARY 8, 1967, ON SUBJECT OF COSTA E SILVA'S CABINET SELECTION AND
BEARS LARGE STAMP STATING "COPY LYNDEN B. JOHNSON LIBRARY." FROM
MARKINGS ON TELEGRAM IT EVIDENT THAT THIS WAS NSC COPY. TELEGRAM, WHICH APPEARS
FULLY AUTHENTIC, IS LIMITED OFFICIAL USE AND REPORTS UNIDENTIFIED EMBOFF AS
HAVING LEARNED FROM MAGALHAES LINS THAT MAGALHAES PINTO HAD BEEN SOUNDED OUT BY
THEN PRESIDENT COSTA E SILVA FOR POSITION AS FOREIGN MINISTER AND THAT DELFIN
NETO HAD ACCEPTED POSITION OF FINANCE MINISTER. MESSAGE SUBSEQUENTLY CITES
CARLOS CHAGAS, WHO THEN DESCRIBED AS "COSTA E SILVA CONFIDANT" AND
WHO NOW BRASILIA BUREAU CHIEF OF ESTADO DE SAO PAULO, AS HAVING TOLD EMBOFF
THAT ENTIRE CABINET WOULD BE KNOWN IN ABOUT TEN DAYS. 3. MAGALHAES LINS IS
ATTEMPTING THROUGH HIGH LEVEL CONTACTS WITH SECURITY SERVICES TO FORESTALL
PUBLICATION OF AT LEAST MOST SENSITIVE DOCUMENTS (EMBASSY IS, OF COURSE,
PLAYING NO ROLE WHATSOEVER IN THIS EFFORT. MAGALHAES LINS IS AWARE OF THE TOTAL
HANDS-OFF POSTURE OF EMBASSY AND COMPLETELY AGREES WITH IT.) HE EXPECTS
PUBLICATION OF FIRST DOCUMENTS OVER WEEKEND. RESPONSE TO REFTEL NEEDED ASAP. CRIMMINS CONFIDENTIAL NNN
2.
(3)
3.
4.
OPINIAO
NEWSPAPER HEAVILY CENSORED
|
|
Date:
1974
May 13, 20:35 (Monday)
|
Canonical ID:
1974RIODE01741_b
|
Original Classification:
CONFIDENTIAL
|
Current Classification:
UNCLASSIFIED
|
Handling
Restrictions:
-- N/A or Blank --
|
Character Count:
2764
|
Executive Order:
GS
|
Locator:
TEXT ON MICROFILM,TEXT ONLINE
|
TAGS:
|
Concepts:
|
Enclosure:
-- N/A or Blank --
|
Type:
TE
|
Office
Origin:
-- N/A or Blank --
Office Action:
ACTION ARA
|
Archive Status:
Electronic
Telegrams
|
From:
Brazil Rio De Janeiro
|
Markings:
Declassified/Released US Department of State
EO Systematic Review 30 JUN 2005
|
To:
BRASILIA PRORITY | Department of State
|
6.
7.
Content
8.
Raw content
9.
Metadata
10.
Raw source
11.
Print
12.
Share
13.
Find
14.
Show Headers
15. 1. IN CONVERSATION TODAY (MAY 13) WITH FERNANDO
GASPARIAN, DIRECTOR OF RIO'S WEEKLY NEWSPAPER, OPINIAO, CONGEN LEARNED THAT
FEDERAL CENSORS MADE HEAVY CUTS IN HIS LATEST EDITION WHICH APPEARED YESTERDAY
(MAY 12) ON THE NEWSSTANDS. 2. AMONG THE ARTICLES CUT WERE INTERVIEWS WITH
FRENCH PRESI- DENTIAL CANDIDATE MITTERAND, AND SAO PAULO'S CARDINAL ARNS, AS
WELL AS A LE MONDE ARTICLE ON EVA PERON. GASPARIAN NOTED THAT IRONICALLY
CARDINAL ARNS WAS HIGHLY PRAISEWORTHY OF BRAZILIAN PRESIDENT GEISEL IN HIS
INTERVIEW. IN ADDITION TO THE CUTS, THE STRICT DEADLINE WAS REIMPOSED OF HAVING
THE NEWSPAPER'S COPY SENT TO THE CENSOR BY THE WEDNESDAY PREVIOUS TO SATURDAY'S
PRESS RUN. CONFIDENTIAL CONFIDENTIAL PAGE 02 RIO DE 01741 132050Z 3. HAVING
ENJOYED ABOUT SIX WEEKS OF CONSIDERABLY REDUCED CENSORSHIP RESTRICTIONS OF HIS
PAPER, AND EXPECTING AN EVENTUAL REMOVAL OF THESE RESTRICTIONS BASED ON
ASSURANCES HE RECEIVED FROM HIGH-RANKING OFFICIALS IN BRASILIA SEVERAL WEEKS
AGO (SEE REF. B), GASPARIAN WAS "SHOCKED AND DISMAYED" AT THE LATEST
TURN OF EVENTS. 4. HE FLEW TO BRASILIA FRIDAY (MAY 10) TO DETERMINE WHY THE NEW
CLAMPS WERE BEING APPLIED. AN INTERVIEW WITH CHIEF OF FEDERAL POLICE MOACYR
COELHO REVEALED THAT POLICE SUBORDINATES RESPONSIBLE FOR CENSORSHIP HAD NOT
RECEIVED ORDERS FROM COELHO FOR THEIR ACTIONS. COELHO, WHO GASPARIAN DESCRIBED
AS "DE- PRESSED AND VACILLATING", CLAIMED THAT CURRENT CENSORSHIP
DECISIONS WERE BEING MADE AT "HIGHER LEVELS IN THE MINISTRY OF
JUSTICE." 5. UNABLE TO SEE MINISTER OF JUSTICE FALCAO, GASPARIAN SAW OTHER
FRIENDS IN BRASILIA'S GOVERNMENTAL BUREAUCRACY AND CONFIRMED THAT TIGHTER
CONTROLS ARE BEING EXERCISED OVER OTHER NEWSPAPERS AND THE WEEKLY MAGAZINE,
VEJA. HE CAME AWAY WITH CONCLUSION THAT: "SOMETHING HAS HAPPEND INSIDE THE
HIGH LEVELS OF THE GOVERNMENT TO FORCE THEM BACK TO THE OLD RE-
STRICTIONS." GASPARIAN SAID HE HEARD RUMORS WHILE IN BRASILIA THAT THE
HARDLINE MILITARY ARE NOT HAPPY OVER THE GEISEL REGIME'S STEPS TOWARD
LIBERALIZATION AND HAD DEMANDED "TIGHTENING UP" THE CONTROL OF THE PRESS
AND OTHER AREAS. BOONSTRA CONFIDENTIAL NNN
REPORTED RELEASE OF EMBASSY POLITICAL
REPORTS
|
|
Date:
1976 December 16, 21:55 (Thursday)
|
Canonical ID:
1976BRASIL10318_b
|
Original
Classification:
CONFIDENTIAL
|
Current Classification:
UNCLASSIFIED
|
Handling Restrictions:
-- N/A or Blank --
|
Character Count:
2597
|
Executive
Order:
GS
|
Locator:
TEXT ON MICROFILM,TEXT ONLINE
|
TAGS:
|
Concepts:
|
Enclosure:
-- N/A or Blank --
|
Type:
TE
|
Office Origin:
-- N/A or Blank --
Office
Action:
ACTION SY
|
Archive Status:
Electronic Telegrams
|
From:
Brazil
BRASILIA | Brazil Brasilia
|
Markings:
Margaret P. Grafeld
Declassified/Released US Department of State EO Systematic Review 04 MAY 2006
|
To:
Brazil Rio De
Janeiro | Brazil São Paulo | Department of State | Portugal Lisbon
|
Content
Raw content
Metadata
Raw source
Print
Share
Find
Show Headers
1. IN LATER TELEPHONE
CONVERSATIONS WITH EMBASSY, MAGALHAES LINS STATED THAT "JORNAL DO
BRASIL" CLAIMS TO HAVE "TRUNKS FULL" OF DOCUMENTS (TELEGRAMS,
AIRGRAMS, MEMORANDA) DATING FROM 1964 TO AT LEAST 1969 (HE COMMENTED THAT THERE
MAY BE SOME EXAGGERATION IN NASCIMENTO BRITO'S ALLEGATIONS). MAGALHAES LINS HAS
NO IDEA WHERE OR HOW "JORNAL DO BRASIL" MAY HAVE OBTAINED THESE
DOCUMENTS BUT HE OBSERVED THAT THE NEWSPAPER NOW HAS A CONNECTION WITH THE NEW
YORK "TIMES." HE EXPRESSED CONCERN OVER POSSIBILITY THAT PUBLISHED
DOCUMENTS MAY INCLUDE NAMES OF NUMEROUS BRAZILIANS WHO WERE SOURCES OF EMBASSY
INFORMATION DURING THESE YEARS AND WHO ARE IN POSITIONS OF PUBLIC IMPORTANCE
NOW. 2. MAGALHAES LINS HAS ALSO PROVIDED EMBASSY XEROX COPY OF ONE OF REPORTS
HELD BY "JORNAL DO BRASIL." DOCUMENT THAT MAGALHAES PASSED TO US IS
AMEMBASSY RIO'S TELEGRAM CONFIDENTIAL CONFIDENTIAL PAGE 02 BRASIL 10318 162207Z
7987 OF FEBRUARY 8, 1967, ON SUBJECT OF COSTA E SILVA'S CABINET SELECTION AND
BEARS LARGE STAMP STATING "COPY LYNDEN B. JOHNSON LIBRARY." FROM
MARKINGS ON TELEGRAM IT EVIDENT THAT THIS WAS NSC COPY. TELEGRAM, WHICH APPEARS
FULLY AUTHENTIC, IS LIMITED OFFICIAL USE AND REPORTS UNIDENTIFIED EMBOFF AS
HAVING LEARNED FROM MAGALHAES LINS THAT MAGALHAES PINTO HAD BEEN SOUNDED OUT BY
THEN PRESIDENT COSTA E SILVA FOR POSITION AS FOREIGN MINISTER AND THAT DELFIN
NETO HAD ACCEPTED POSITION OF FINANCE MINISTER. MESSAGE SUBSEQUENTLY CITES
CARLOS CHAGAS, WHO THEN DESCRIBED AS "COSTA E SILVA CONFIDANT" AND
WHO NOW BRASILIA BUREAU CHIEF OF ESTADO DE SAO PAULO, AS HAVING TOLD EMBOFF
THAT ENTIRE CABINET WOULD BE KNOWN IN ABOUT TEN DAYS. 3. MAGALHAES LINS IS
ATTEMPTING THROUGH HIGH LEVEL CONTACTS WITH SECURITY SERVICES TO FORESTALL
PUBLICATION OF AT LEAST MOST SENSITIVE DOCUMENTS (EMBASSY IS, OF COURSE,
PLAYING NO ROLE WHATSOEVER IN THIS EFFORT. MAGALHAES LINS IS AWARE OF THE TOTAL
HANDS-OFF POSTURE OF EMBASSY AND COMPLETELY AGREES WITH IT.) HE EXPECTS
PUBLICATION OF FIRST DOCUMENTS OVER WEEKEND. RESPONSE TO REFTEL NEEDED ASAP. CRIMMINS CONFIDENTIAL NNN
Nenhum comentário:
Postar um comentário