Os Estados Unidos e a Ditadura - EUA fizeram lobby pró-censura durante governo militar

 Terça-feira, 16 de Abril de 2013   |   ISSN 1519-7670 - Ano 17 - nº 742
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JORNAL DE DEBATES - WIKILEAKS PLUS D
EUAD 4 - EUA fizeram lobby pró-censura durante governo militar
Por Natalia Viana em 16/04/2013 na edição 742
Reproduzido da Agência Pública, 9/4/2013
Em 1973 o governo do general Emílio Garrastazu Médici entrava em seu quarto ano, consolidando a presença da chama “linha dura” militar no governo. A censura à imprensa se estruturou e se oficializou, abarcando todos os principais veículos de imprensa do país. Sob Médici, a maioria das redações recebiam bilhetinhos apócrifos ou ligações quase diárias de membros da Polícia Federal – a força encarregada de controlar a censura – com a relação de temas que não poderiam ser abordados: desde relatos de tortura e prisões políticas até reportagens sobre a precária situação dos trens, a pobreza no país ou escandalosos casos de corrupção. Outras, como Veja e o Pasquim, tinham que enviar seu conteúdo para a censura prévia. O Estado de S. Paulo convivia com um censor plantado dentro da redação, lendo todos os textos para decidir o que podia e o que não podia ser publicado.
Para os Estados Unidos, porém, país que propagandeava a democracia como resposta à “ameaça comunista”, nada disso importava. Pelo contrário: documentos constantes no PlusD, do WikiLeaks, mostram que a diplomacia americana chegou a defender a censura do regime militar brasileiro perante um jornalista da poderosa rede de TV americana CBS.
“O cônsul geral de São Paulo relata que o correspondente da CBS na América Latina, George Nathanson, está em São Paulo, fazendo um vídeo sobre a censura à imprensa brasileira. A ideia de realizar essa história foi incitada pelo artigo do New York Times de 21 de feveriro sobre esse assunto”, escreveu o então embaixador dos EUA no Brasil, William Rountree, que ficou no posto entre 1970 e 1973. O correspondente estava filmando na redação do Estado de S.Paulo e, segundo ele, a reportagem corria muito bem.
Mas a embaixada tinha outra ideia de como a censura deveria ser retratada. “Durante um almoço com Nathanson na semana passado, o Oficial para Relações Públicas [da embaixada] sugeriu que Nathanson tentasse obter todos os lados da história da censura no Brasil”, descreve o documento de 9 de março de 1973, (1)https://www.wikileaks.org/plusd/cables/1973BRASIL01268_b.html
                                            
 
marcado “para uso oficial limitado”. “Além de apenas falar com fontes da mídia veementemente opostos e afetados pela censura presente, o oficial de relações públicas mencionou que seria útil a Nathanson falar com figuras como o conselheiro presidencial Coronel Otávio Costa [chefe da assessoria de Relações Públicas da Presidência] e outros oficiais do governo, bem como representantes da mídia como Roberto Marinho, do Globo, e Nascimento Brito, do Jornal do Brasil, que veem a questão da censura de maneira diferente da família Mesquita, do Estado”. Em seguida o embaixador, satisfeito, afirma que o jornalista acatou a sugestão e “expressou interesse nesta abordagem para fazer uma cobertura balanceada”.
Existe cobertura balanceada sobre censura? 
O aparato censório do regime militar foi construído sob as asas do Ato Institucional nº 5. Logo após sua decretação, em 13 de dezembro de 1969, o general Silvio Correia de Andrade, delegado da Policia Federal em São Paulo, declarou em entrevista coletiva: “Podem dizer que foi instaurado o arrocho à imprensa escrita, falada e televisada por parte do Contel, sob minha fiscalização direta. Os jornais estão sob censura no que diz respeito a greves, passeatas, comícios, agitação estudantil e qualquer tipo de ataque às autoridades”.
A PF seria responsável por calar a imprensa; no ano seguinte, dezenas de delegados destacados para esse fim receberam uma extensa lista de normas. Eles deviam vetar notícias “falsas” ou sensacionalistas, testemunhos em off (com fontes anônimas), comentários de pessoas atingidas pelos atos institucionais ou ligadas a entidades estudantis dissolvidas. Também eram proibidas notícias sobre todo tipo de repressão: cassações de mandatos, suspensão de direitos políticos, prisões, tortura.
Em 1971 o ministro da justiça Alfredo Buzaid aumentou a lista, proibindo também notícias “sensacionalistas” que prejudicassem a imagem do Brasil no exterior, notícias que colocassem em perigo a política econômica do governo, e até mesmo a “divulgação alarmista” de “movimentos subversivos” em países estrangeiros. Segundo levantamento do jornalista Élio Gaspari, entre 1972 e 1975 o Jornal do Brasilrecebeu 270 ordens enviadas por telefone ou por escrito pelos policiais da PF. Apenas em 1973 – ano em que os diplomatas americanos queriam suavizar a cobertura da CBS sobre a censura brasileira – o pesquisador Paolo Marconi – consultando diversos veículos como Folha de S.Paulo, Rádio e TV Bandeirantes, em São Paulo, e Rádio e TV, em Salvador – contabilizou um total de 143 ordens enviadas pela PF. A maioria dos veículos praticava, então, a auto-censura, descartando os temas proibidos. É o caso da Globo de Roberto Marinho e do Jornal do Brasil de Nascimento Brito, apontados pelo embaixador como menos críticos à censura oficial.
Os veículos que mostravam alguma resistência tinham edições inteiras apreendidas ou eram submetidos à censura prévia – caso do Jornal da Tarde e da revista Veja, então comandada por Mino Carta, que eram visitados por censores ou obrigados a mandar as edições antes de publicadas para a sede da PF em Brasília. Convivendo diariamente com um censor da PF, o Estado de S. Paulo teve 1136 reportagens censuradas entre março de 73 e janeiro de 75. Foram vetadas matérias sobre a Petrobras, a questão indígena, a política de saúde pública, corrupção no ensino e até mesmo racismo no futebol.
Por sua vez, semanários pequenos e mais independentes como Opinião, baseado no Rio de Janeiro, eMovimento, de São Paulo, tiveram jornalistas presos, edições apreendidas e seus diretores interrogados inúmeras vezes. Daí o caráter “econômico” da censura, que foi responsável pelo desmantelamento, por asfixia financeira, de jornais de extrema qualidade e linhas editoriais progressistas – provocando um impacto que até hoje influencia o cenário da imprensa brasileira. Publicações independentes como Opinião,ExMovimento e Pasquim tiveram edições inteiras apreendidas, e tiveram que fechar as portas sob o peso da censura. Só o jornal Movimento teve 40% de todo o seu conteúdo censurado – mais de 3 mil artigos, mais de 4,5 milhões de palavras.
Os americanos sabiam, claro
Nada disso era novidade para o Departamento de Estado chefiado por Henry Kissinger – o mesmo que criticou a lei de acesso  (2)à informação americana afirmando “antes da lei eu costumava dizer em reuniões, ‘o que é ilegal nós fazemos imediatamente; o que é inconstitucional leva mais tempo’, mas desde a lei eu tenho medo de dizer coisas assim”. Na verdade, os diplomatas americanos mantinham contato próximo com jornalistas brasileiros, acompanhando de perto as consequências da censura.
Assim, em 23 de março de 1973 – mesmo mês em que a embaixada defendia a censura junto ao correspondente da CBS – o cônsul de São Paulo, Frederick Chapin, relatou uma longa conversa (3)com o dono do Estadão, Julio Mesquita, sobre a censura ao jornal. Embora o general Ernesto Geisel tivesse assumido com o compromisso de promover a “distensão política”, com a restauração dos direitos civis, nas duas semanas anteriores a tesoura da censura havia cortado seis matérias do Estadão, que as substituíra por cartas e receitas culinárias. Ao mesmo tempo, relata Chapin, Julio Mesquita enviara telegramas a todos os congressistas, e o Estadão publicou uma nota avisando que quem quisesse saber por que conteúdos desimportantes estavam aparecendo no jornal poderia ligar para a redação – receberam 167 ligações. “Julio Mesquita disse que a forte pressão que ele estava exercendo no governo para relaxar a censura estava fazendo efeito”, relatou Chapin, já que o Estadão chegara a publicar histórias – incluindo uma sobre censura – que não teriam passado. “Julio disse que pretendia continuar a pressionar o governo na questão da censura”.
Ainda assim, os censores só sairiam do Estadão dois anos depois.
Sob o embaixador John Crimmins, que assumiu o posto após Rountree, a embaixada dos EUA manteve uma “postura de não pôr as mãos” no tema da censura, segundo palavras do próprio. Mas continuava acompanhando de perto o despropósito da censura, conversando diretamente com editores e publishers. É o que mostra um documento do Rio de Janeiro, datado de 13 de maio de 1974, detalhando a situação do jornal Opinião. Em conversa com o então cônsul geral Clarence Boonstra, o empresário Fernando Gasparian, do Opinião, contava sobre os cortes mais recentes: uma entrevista com o então candidato a presidência francesa, François Mitterand, e com o cardeal Dom Paulo Evaristo Arns. Nesse momento, a censura exigia novamente que o jornal fosse enviado a Brasília, antes de ser publicado, até quarta-feira de cada semana. “Gasparian estava ‘chocado e desanimado’ com os últimos acontecimentos”, relata Chapin, e decidiu ir a Brasília para investigar o motivo dos últimos cortes com o diretor-geral da PF, o coronel Moacyr Coelho. O coronel, que Gasparian descrevia como ”deprimido e vacilante”, lhe disse que a censura havia sido decidida “em altas instâncias do Ministério da Justiça” e que havia outros jornais sob maior pressão, escreve Boonstra. “Ele voltou achando que ‘alguma coisa aconteceu dentro do alto escalão do governo para forçá-los a voltar às antigas restrições’. Gasparian disse que ouviu rumores em Brasília que os militares linha-dura não estavam felizes com os passos do regime em direção à liberalização e haviam demandado ‘apertar’ o controle da imprensa e de outras áreas”, diz o despacho diplomático.
A partir de 1975, a censura se tornou mais seletiva e a censura prévia foi sendo retirada aos poucos. Não foi um processo decisivo, tendo idas e vindas de acordo com as pressões do momento, como mostram as conversas constamente relatadas pelos diplomatas americanos. Em 4 de abril daquele ano, a embaixada em Brasília enviou a Washington um relato sobre a apreensão do jornal Pasquim, do Rio de Janeiro, pela PF, ocorrida logo depois do veículo ter tido a censura prévia encerrada, e a uma edição comemorativa especialmente robusta. Chamando-o de “tabloide satírico semanal de centro-esquerda” Crimmins relata que, durante 5 anos, o semanário fora obrigado a enviar para Brasília duas a três vezes mais material do que necessário – texto, charges e fotos – para ser cortado.
“De acordo com [Millôr] Fernandes e outras fontes bem informadas da imprensa, o alvo real da apreensão do Pasquim era um editorial forte de Fernandes detalhando os problemas do jornal com a censura. Esses problemas incluíam: uma queda brusca de leitores (Fernandes afirma que houve uma queda de 200 mil para 100 mil em circulação nos seis primeiros meses de censura; alguns observadores acreditam que o cálculo atual seja de 50 mil) e assédio da equipe do Pasquim quando a censura teve início (ex. interrogatório policial da maioria deles e prisão de dez editores por dois meses, seguida da sua libertação e o arquivamento subsequente do inquérito). Fernandes também argumentava [no editorial] que o fim da censura prévia não significa que a imprensa livre brasileira possa imprimir o que quer e lembrava aos leitores que muitos dos jornais brasileiros ainda estavam sujeitos à censura”. O comunicado encerrava dizendo que a apreensão “foi um enorme golpe em termos financeiros”, já que o Pasquim dependia de vendas em banca.
Veja de Mino Carta
A diplomacia americana também acompanhou de perto o périplo da revista Veja, fundada e editada por Mino Carta durante a ditadura militar e submetida a dois tipos de censura prévia ao longo dos anos: no geral, o censor da PF ia até a redação, no prédio da editora Abril; mas em algumas ocasiões o material tinha que ser enviado a Brasília dias antes da publicação.
Em maio de 1974, foi a vez do consulado de São Paulo informar sobre a censura a VejaO primeiro despacho, do dia 10, é assinado pelo cônsul-geral Frederick Chapin. “Uma empreitada de censura ameaça a continuação de Veja, respeitada revista semanal”, descreve o cônsul. A nova ordem exigia que todo conteúdo da revista fosse enviado a Brasília na quarta-feira, inviabilizando a cobertura de fatos “quentes”. Mino Carta – a quem Chapin chama de “um dos jornalistas mais hábeis e mais conhecidos” do país – contava que a nova ordem era uma represália, em especial, por uma charge de Millôr Fernandes mostrando um homem sendo torturado, sobre a legenda “nada consta”.
“Essa semana, quando Mino soube do endurecimento, ele ligou para o general Golbery, que foi ‘evasivo e hipócrita’. O general Golbery mencionou especificamente alguma insatisfação sobre a charge de Millôr Fernandes”. Decepcionado, já que tanto Golbery quanto o ministro da justiça de Geisel, Armando Falcão, haviam se manifestado contra a censura, mas estariam cedendo aos militares “linha dura”, Mino Carta ameaçava deixar a Veja. “Carta disse que não quer ter mais nada a ver com Golbery e Falcão porque ‘seria como lidar com office boys’”, relata Chapin. “Essas ordens, ele adicionou, vieram do ministro do Exército Dale Coutinho, um representante do ‘sistema’, ou como ele chama, ‘o capo máfia’ que ele [Mino Carta] acredita que controla o país’”, relata o despacho enviado a Washington.
“O cumprimento das novas regras vai efetivamente matar a Veja, segundo Carta”, escreve o cônsul, que finaliza o documento narrando que, para o jornalista, “o propósito do endurecimento não é destruir Veja, mas colocar a revista e a editora Abril ‘de joelhos”.
Roberto Civita, vice-presidente e filho do dono da editora Abril, viajaria para Brasília em busca de um acordo – que também foi acompanhado de perto pelos americanos. Em 28 de maio, outro despacho do consulado de São Paulo, relata que a ordem fora revertida. Como narrou Victor Civita ao americano, “[Dale] Coutinho se recusou a ver Roberto, que então ligou para Golbery e para o ministro Falcão”. A redação, portanto, voltaria a receber a visita de censores. O próprio Golbery e Falcão haviam servido como “fiadores” do acordo entre os censores e Veja. “Victor estava otimista sobre as relações futuras com a administração Geisel”, relatou Chapin. O dono da Abril afirmou: “Eu só tenho três ou quatro amigos no governo agora, mas em um ano ou mais eu vou conhecer bem 10 ou 12 deles”.
No entanto, a paz não duraria muito, reflexo da queda de braço interna à administração Geisel. Em agosto de 1975, a ordem de enviar o material para Brasília voltou – e foi prontamente relatada o Departamento de Estado dos EUA. O estopim fora uma edição recente de um discurso de Geisel, que Veja via como um sinal de que a distensão estava morta. Hernani Donado, relações públicas da revista, conversou com os diplomatas. “Donato disse que a linha dura ficou irritada pelos elogios de Veja ao general Golbery (….) Golbery ligou pessoalmente para Mino Carta e pediu que ele parasse com as histórias: ‘toda palavra boa que você fala sobre mim é uma palavra ruim sobre os oponentes da distensão’”. Segundo o embaixador Crimmins, Hernani Donato também acreditava que censores de Brasília “não confiavam totalmente” nos seus subordinados de São Paulo, e sentiam “que eles podem ter se tornado muito próximos de jornalistas locais”. Em 27 de agosto, diplomatas da embaixada voltaram a almoçar com Victor Civita para discutir o assunto. “Ele contou que lhe foi dito para ser muito cuidadoso porque o governo tinha o poder de ‘colocá-lo de joelhos’ quando quisesse”.
***
Natalia Viana é jornalista
https://www.wikileaks.org/plusd/cables/1973BRASIL01268_b.html                                              (1)


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CBS STORY ON BRAZILIAN CENSORSHIP
Date:
1973 March 9, 15:02 (Friday)
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1973BRASIL01268_b
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LIMITED OFFICIAL USE
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1974
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Brazil BRASILIA | Brazil Brasilia
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1. AMCONGEN SAO PAULO REPORTS CBS LATIN AMERICAN CORRES- PONDENT GEORGE NATHANSON IS IN SAO PAULO DOING CBS FILM STORY ON CENSORSHIP OF BRAZILIAN PRESS. IDEA FOR STORY WAS PROMPTED BY NEW YORK TIMES ARTICLE ON THIS SUBJECT ON FEBRUARY 21. NATHANSON HAD BEEN FILMING IN OFFICES OF O ESTADO DE SAO PAULO. O ESTADO HAD BEEN VERY COOPERATIVE AND NATHANSON SAID HIS PICTURES HAD TURNED OUT " VERY WELL." NATHANSON MAY BE CONTACTING OTHER NEWSPAPERS AS WELL. 2. DURING LUNCHEON WITH NATHANSON LAST WEEK, PAO SUGGESTED THAT NATHANSON ATTEMPT TO GET ALL SIDES OF THE CENSORSHIP STORY IN BRAZIL. IN ADDITION TO TALKING TO JUST MEDIA SOURCES VEHEMENTLY OPPOSED TO AND AFFECTED BY PRESENT CENSORSHIP, PAO MENTIONED IT MIGHT BE USEFUL FOR NATHANSON LIMITED OFFICIAL USE LIMITED OFFICIAL USE PAGE 02 BRASIL 01268 091554 Z TO TALK TO SUCH FIGURES AS PRESIDENTIAL ADVISER COLONEL OCTAVIO COSTA AND OTHER GOVERNMENT OFFICIALS, AS WELL AS MEDIA REPRESENTATIVES SUCH AS O GLOBO' S ROBERTO MARINHO AND JORNAL DO BRASIL' S NASCIMENTO BRITO, WHO VIEW THE CENSORSHIP ISSUE DIFFERENTLY THAN O ESTADO' S MESQUITA FAMILY. NATHANSON EXPRESSED INTEREST IN THIS APPROACH TO GIVE BALANCE TO HIS COVERAGE. ROUNTREE LIMITED OFFICIAL USE *** Current Handling Restrictions *** n/a *** Current Classification *** LIMITED OFFICIAL USE
(2)

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REPORTED RELEASE OF EMBASSY POLITICAL REPORTS
Date:
1976 December 16, 21:55 (Thursday)
Canonical ID:
1976BRASIL10318_b
Original Classification:
CONFIDENTIAL
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1.   IN LATER TELEPHONE CONVERSATIONS WITH EMBASSY, MAGALHAES LINS STATED THAT "JORNAL DO BRASIL" CLAIMS TO HAVE "TRUNKS FULL" OF DOCUMENTS (TELEGRAMS, AIRGRAMS, MEMORANDA) DATING FROM 1964 TO AT LEAST 1969 (HE COMMENTED THAT THERE MAY BE SOME EXAGGERATION IN NASCIMENTO BRITO'S ALLEGATIONS). MAGALHAES LINS HAS NO IDEA WHERE OR HOW "JORNAL DO BRASIL" MAY HAVE OBTAINED THESE DOCUMENTS BUT HE OBSERVED THAT THE NEWSPAPER NOW HAS A CONNECTION WITH THE NEW YORK "TIMES." HE EXPRESSED CONCERN OVER POSSIBILITY THAT PUBLISHED DOCUMENTS MAY INCLUDE NAMES OF NUMEROUS BRAZILIANS WHO WERE SOURCES OF EMBASSY INFORMATION DURING THESE YEARS AND WHO ARE IN POSITIONS OF PUBLIC IMPORTANCE NOW. 2. MAGALHAES LINS HAS ALSO PROVIDED EMBASSY XEROX COPY OF ONE OF REPORTS HELD BY "JORNAL DO BRASIL." DOCUMENT THAT MAGALHAES PASSED TO US IS AMEMBASSY RIO'S TELEGRAM CONFIDENTIAL CONFIDENTIAL PAGE 02 BRASIL 10318 162207Z 7987 OF FEBRUARY 8, 1967, ON SUBJECT OF COSTA E SILVA'S CABINET SELECTION AND BEARS LARGE STAMP STATING "COPY LYNDEN B. JOHNSON LIBRARY." FROM MARKINGS ON TELEGRAM IT EVIDENT THAT THIS WAS NSC COPY. TELEGRAM, WHICH APPEARS FULLY AUTHENTIC, IS LIMITED OFFICIAL USE AND REPORTS UNIDENTIFIED EMBOFF AS HAVING LEARNED FROM MAGALHAES LINS THAT MAGALHAES PINTO HAD BEEN SOUNDED OUT BY THEN PRESIDENT COSTA E SILVA FOR POSITION AS FOREIGN MINISTER AND THAT DELFIN NETO HAD ACCEPTED POSITION OF FINANCE MINISTER. MESSAGE SUBSEQUENTLY CITES CARLOS CHAGAS, WHO THEN DESCRIBED AS "COSTA E SILVA CONFIDANT" AND WHO NOW BRASILIA BUREAU CHIEF OF ESTADO DE SAO PAULO, AS HAVING TOLD EMBOFF THAT ENTIRE CABINET WOULD BE KNOWN IN ABOUT TEN DAYS. 3. MAGALHAES LINS IS ATTEMPTING THROUGH HIGH LEVEL CONTACTS WITH SECURITY SERVICES TO FORESTALL PUBLICATION OF AT LEAST MOST SENSITIVE DOCUMENTS (EMBASSY IS, OF COURSE, PLAYING NO ROLE WHATSOEVER IN THIS EFFORT. MAGALHAES LINS IS AWARE OF THE TOTAL HANDS-OFF POSTURE OF EMBASSY AND COMPLETELY AGREES WITH IT.) HE EXPECTS PUBLICATION OF FIRST DOCUMENTS OVER WEEKEND. RESPONSE TO REFTEL NEEDED ASAP. CRIMMINS CONFIDENTIAL NNN
2.           
            (3)
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4.           
OPINIAO NEWSPAPER HEAVILY CENSORED
Date:
1974 May 13, 20:35 (Monday)
Canonical ID:
1974RIODE01741_b
Original Classification:
CONFIDENTIAL
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BRASILIA PRORITY | Department of State
6.     

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15.  1. IN CONVERSATION TODAY (MAY 13) WITH FERNANDO GASPARIAN, DIRECTOR OF RIO'S WEEKLY NEWSPAPER, OPINIAO, CONGEN LEARNED THAT FEDERAL CENSORS MADE HEAVY CUTS IN HIS LATEST EDITION WHICH APPEARED YESTERDAY (MAY 12) ON THE NEWSSTANDS. 2. AMONG THE ARTICLES CUT WERE INTERVIEWS WITH FRENCH PRESI- DENTIAL CANDIDATE MITTERAND, AND SAO PAULO'S CARDINAL ARNS, AS WELL AS A LE MONDE ARTICLE ON EVA PERON. GASPARIAN NOTED THAT IRONICALLY CARDINAL ARNS WAS HIGHLY PRAISEWORTHY OF BRAZILIAN PRESIDENT GEISEL IN HIS INTERVIEW. IN ADDITION TO THE CUTS, THE STRICT DEADLINE WAS REIMPOSED OF HAVING THE NEWSPAPER'S COPY SENT TO THE CENSOR BY THE WEDNESDAY PREVIOUS TO SATURDAY'S PRESS RUN. CONFIDENTIAL CONFIDENTIAL PAGE 02 RIO DE 01741 132050Z 3. HAVING ENJOYED ABOUT SIX WEEKS OF CONSIDERABLY REDUCED CENSORSHIP RESTRICTIONS OF HIS PAPER, AND EXPECTING AN EVENTUAL REMOVAL OF THESE RESTRICTIONS BASED ON ASSURANCES HE RECEIVED FROM HIGH-RANKING OFFICIALS IN BRASILIA SEVERAL WEEKS AGO (SEE REF. B), GASPARIAN WAS "SHOCKED AND DISMAYED" AT THE LATEST TURN OF EVENTS. 4. HE FLEW TO BRASILIA FRIDAY (MAY 10) TO DETERMINE WHY THE NEW CLAMPS WERE BEING APPLIED. AN INTERVIEW WITH CHIEF OF FEDERAL POLICE MOACYR COELHO REVEALED THAT POLICE SUBORDINATES RESPONSIBLE FOR CENSORSHIP HAD NOT RECEIVED ORDERS FROM COELHO FOR THEIR ACTIONS. COELHO, WHO GASPARIAN DESCRIBED AS "DE- PRESSED AND VACILLATING", CLAIMED THAT CURRENT CENSORSHIP DECISIONS WERE BEING MADE AT "HIGHER LEVELS IN THE MINISTRY OF JUSTICE." 5. UNABLE TO SEE MINISTER OF JUSTICE FALCAO, GASPARIAN SAW OTHER FRIENDS IN BRASILIA'S GOVERNMENTAL BUREAUCRACY AND CONFIRMED THAT TIGHTER CONTROLS ARE BEING EXERCISED OVER OTHER NEWSPAPERS AND THE WEEKLY MAGAZINE, VEJA. HE CAME AWAY WITH CONCLUSION THAT: "SOMETHING HAS HAPPEND INSIDE THE HIGH LEVELS OF THE GOVERNMENT TO FORCE THEM BACK TO THE OLD RE- STRICTIONS." GASPARIAN SAID HE HEARD RUMORS WHILE IN BRASILIA THAT THE HARDLINE MILITARY ARE NOT HAPPY OVER THE GEISEL REGIME'S STEPS TOWARD LIBERALIZATION AND HAD DEMANDED "TIGHTENING UP" THE CONTROL OF THE PRESS AND OTHER AREAS. BOONSTRA CONFIDENTIAL NNN


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REPORTED RELEASE OF EMBASSY POLITICAL REPORTS
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1. IN LATER TELEPHONE CONVERSATIONS WITH EMBASSY, MAGALHAES LINS STATED THAT "JORNAL DO BRASIL" CLAIMS TO HAVE "TRUNKS FULL" OF DOCUMENTS (TELEGRAMS, AIRGRAMS, MEMORANDA) DATING FROM 1964 TO AT LEAST 1969 (HE COMMENTED THAT THERE MAY BE SOME EXAGGERATION IN NASCIMENTO BRITO'S ALLEGATIONS). MAGALHAES LINS HAS NO IDEA WHERE OR HOW "JORNAL DO BRASIL" MAY HAVE OBTAINED THESE DOCUMENTS BUT HE OBSERVED THAT THE NEWSPAPER NOW HAS A CONNECTION WITH THE NEW YORK "TIMES." HE EXPRESSED CONCERN OVER POSSIBILITY THAT PUBLISHED DOCUMENTS MAY INCLUDE NAMES OF NUMEROUS BRAZILIANS WHO WERE SOURCES OF EMBASSY INFORMATION DURING THESE YEARS AND WHO ARE IN POSITIONS OF PUBLIC IMPORTANCE NOW. 2. MAGALHAES LINS HAS ALSO PROVIDED EMBASSY XEROX COPY OF ONE OF REPORTS HELD BY "JORNAL DO BRASIL." DOCUMENT THAT MAGALHAES PASSED TO US IS AMEMBASSY RIO'S TELEGRAM CONFIDENTIAL CONFIDENTIAL PAGE 02 BRASIL 10318 162207Z 7987 OF FEBRUARY 8, 1967, ON SUBJECT OF COSTA E SILVA'S CABINET SELECTION AND BEARS LARGE STAMP STATING "COPY LYNDEN B. JOHNSON LIBRARY." FROM MARKINGS ON TELEGRAM IT EVIDENT THAT THIS WAS NSC COPY. TELEGRAM, WHICH APPEARS FULLY AUTHENTIC, IS LIMITED OFFICIAL USE AND REPORTS UNIDENTIFIED EMBOFF AS HAVING LEARNED FROM MAGALHAES LINS THAT MAGALHAES PINTO HAD BEEN SOUNDED OUT BY THEN PRESIDENT COSTA E SILVA FOR POSITION AS FOREIGN MINISTER AND THAT DELFIN NETO HAD ACCEPTED POSITION OF FINANCE MINISTER. MESSAGE SUBSEQUENTLY CITES CARLOS CHAGAS, WHO THEN DESCRIBED AS "COSTA E SILVA CONFIDANT" AND WHO NOW BRASILIA BUREAU CHIEF OF ESTADO DE SAO PAULO, AS HAVING TOLD EMBOFF THAT ENTIRE CABINET WOULD BE KNOWN IN ABOUT TEN DAYS. 3. MAGALHAES LINS IS ATTEMPTING THROUGH HIGH LEVEL CONTACTS WITH SECURITY SERVICES TO FORESTALL PUBLICATION OF AT LEAST MOST SENSITIVE DOCUMENTS (EMBASSY IS, OF COURSE, PLAYING NO ROLE WHATSOEVER IN THIS EFFORT. MAGALHAES LINS IS AWARE OF THE TOTAL HANDS-OFF POSTURE OF EMBASSY AND COMPLETELY AGREES WITH IT.) HE EXPECTS PUBLICATION OF FIRST DOCUMENTS OVER WEEKEND. RESPONSE TO REFTEL NEEDED ASAP. CRIMMINS CONFIDENTIAL NNN









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