A Mídia na Ditadura Militar - A Mídia a favor da Ditadura Militar em 1964






MD-49 - A Mídia a favor da Ditadura Militar em 1964 

Hugo Freitas
Há exatos 47 anos, o Brasil entrava no período político mais conturbado e controverso de sua História Republicana: a Ditadura Militar (1964-1985).
O Golpe de 1º de abril de 1964 que depôs o último presidente eleito antes da Constituição de 1988, João Goulart, orquestrado pelas Forças Armadas e com o apoio das classes conservadoras da sociedade civil, mergulhou o país num profundo obscurantismo político.



Com supressão das liberdades, cassação de mandatos, exilamento de artistas e profissionais liberais, além de prisões em massa, torturas e assassinatos, o período compreendido entre os anos de 1964 e 1985 viria a ser conhecido pela historiografia e pelos historiadores como os "tempos de chumbo" da ditadura militar. 
Os militares golpistas contaram com o apoio declarado das elites conservadoras, das associações de grupos urbanos católicos e de setores da própria Igreja, além da grande imprensa curvada aos interesses políticos e econômicos em questão.
Por isso, trazemos a você, inteligente leitor, um pouco do que disseram em 1964 os principais jornais brasileiros, a maioria auto-proclamados defensores da liberdade de expressão, da democracia e do Estado de Direito.
 “Participamos da Revolução de 1964 identificados com os anseios nacionais de preservação das instituições democráticas, ameaçadas pela radicalização ideológica, greves, desordem social e corrupção generalizada”. (Editorial do jornalista Roberto Marinho, publicado no jornal O Globo, edição de07 de outubro de 1984, sob o título: “Julgamento da Revolução”.)
Escorraçado
“Escorraçado, amordaçado e acovardado, deixou o poder como imperativo de legítima vontade popular o Sr João Belchior Marques Goulart, infame líder dos comuno-carreiristas-negocistas-sindicalistas. Um dos maiores gatunos que a história brasileira já registrou, o Sr João Goulart passa outra vez à história, agora também como um dos grandes covardes que ela já conheceu”. (Tribuna da Imprensa – Rio de Janeiro – 2 de Abril de 1964)

31/03/64 – FOLHA DA TARDE – (Do editorial A GRANDE AMEAÇA): “… cuja subversão além de bloquear os dispositivos de segurança de todo o hemisfério, lançaria nas garras do totalitarismo vermelho, a maior população latina do mundo…”

31/03/64 – CORREIO DA MANHà– (Do editorial, BASTA!): “O Brasil já sofreu demasiado com o governo atual. Agora, basta!”

1o/04/64 – CORREIO DA MANHà– (Do editorial, FORA!): “Só há uma coisa a dizer ao Sr. João Goulart: Saia!”
“Salvos da comunização que celeremente se preparava, os brasileiros devem agradecer aos bravos militares que os protegeram de seus inimigos”. “Este não foi um movimento partidário. Dele participaram todos os setores conscientes da vida política brasileira, pois a ninguém escapava o significado das manobras presidenciais”. (O Globo – Rio de Janeiro – 2 de Abril de 1964)
De Norte a Sul vivas à Contra-Revolução
“Desde ontem se instalou no País a verdadeira legalidade… Legalidade que o caudilho não quis preservar, violando-a no que de mais fundamental ela tem: a disciplina e a hierarquia militares. A legalidade está conosco e não com o caudilho aliado dos comunistas”. (Editorial do Jornal do Brasil – Rio de Janeiro –1º de Abril de 1964)
A paz alcançada
“A vitória da causa democrática abre o País a perspectiva de trabalhar em paz e de vencer as graves dificuldades atuais. Não se pode, evidentemente, aceitar que essa perspectiva seja toldada, que os ânimos sejam postos a fogo. Assim o querem as Forças Armadas, assim o quer o povo brasileiro e assim deverá ser, pelo bem do Brasil”. (Editorial de O Povo – Fortaleza – 3 de Abril de 1964)

02/04/64 – O GLOBO – “Fugiu Goulart e a democracia está sendo restaurada”… “atendendo aos anseios nacionais de paz, tranqüilidade e progresso… as Forças Armadas chamaram a si a tarefa de restaurar a Nação na integridade de seus direitos, livrando-a do amargo fim que lhe estava reservado pelos vermelhos que haviam envolvido o Executivo Federal”.

05/04/64 – O ESTADO DE MINAS: “Feliz a nação que pode contar com corporações militares de tão altos índices cívicos”. “Os militares não deverão ensarilhar suas armas antes que emudeçam as vozes da corrupção e da traição à pátria.”
“Sabíamos, todos que estávamos na lista negra dos apátridas – que se eles consumassem os seus planos, seríamos mortos. Sobre os democratas brasileiros não pairava a mais leve esperança, se vencidos. Uma razzia de sangue vermelha como eles, atravessaria o Brasil de ponta a ponta, liquidando os últimos soldados da democracia, os últimos paisanos da liberdade”. (O Cruzeiro Extra – 10 de Abril de 1964– Edição Histórica da Revolução – “Saber ganhar” – David Nasser)
Hugo Freitas

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